sábado, 31 de dezembro de 2016

Bagaceirismo nas letras não é tradição dos Gaúchos do RGS


 
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Baile Gaúcho com chapéu na cabeça já é uma clara demonstração de que o surungo não é de respeito!

Tradição Gaúcha Sul-brasileira não pode jamais ser confundida com maus costumes do passado, com vícios praticados em ambientes não familiares, pois estes não são representativos do acervo cultural-moral dos gaúchos sérios, respeitadores e recatados do interior sul-brasileiro. Bagaceirices não integram usos e costumes rurais do povo interiorano do Rio Grande do Sul, perpetuados pela prática reiterada, contínua, repassada de pais para filhos ao longo do tempo. Portanto, a ocorrência da execução de músicas relacionadas ao ambiente das tascas, dos surungos de chinaredo, dos bailes de baixa classe de antanho, no interior dos CTGs e nos Eventos do Tradicionalismo, é uma grande incoerência cultural-tradicionalista-gaúcha. Reproduzir procedimentos que não detém a postura moral pertinente ao modo de vida da maioria dos gaúchos campeiros do Sul do Brasil pode ser objeto de inspiração e de registro histórico para qualquer compositor, mas não passa de um jeito de vida restrito a alguns vulgachos, cujo proceder não têm nenhum valor para a autêntica Tradição Gaúcha dos Sul-brasileiros. Pelo contrário! Permitir-se que músicas com letras impróprias, ofensivas aos bons costumes tradicionais dos gaúchos e gaúchas do Rio Grande, sejam executadas no interior dos Centros de Tradições Gaúchas ou em qualquer outro recinto ou evento do Tradicionalismo organizado é um desserviço aos fins deste e da sua Carta de Princípios, sua Filosofia de Atuação; é ato que vai de encontro aos objetivos de todas as Sociedades Culturais Tradicionalistas Gaúchas Brasileiras, voltadas para o culto, a preservação, a defesa e a adequada divulgação do patrimônio cultural-moral-tradicional do Povo Gaúcho Sul-brasileiro.
Com razão Paulo Guimarães, ao levantar a questão no seu Galpão Virtual Chasque Pampeano e expor a abalizada opinião do professor José Aldomar de Castro, a respeito do real sentido da expressão Baile de Cola Atada. O conteúdo de letras musicais ou as danças que exploram costumes como esse, que jamais foi estendido a todo o povo do Rio Grande, não devem ser apontadas como parte da Tradição Gaúcha a crianças, jovens e famílias em salutar convivência dentro dos Palanques da Cultura Regional Gaúcha Brasileira: as Entidades Tradicionalistas Gaúchas. Deverão ser evitadas no ambiente tradicionalista, por exemplo, as composições :
1-Pra Bailar de Cola Atada, de Anomar Danúbio Vieira e Juliano Gomes, gravada pela dupla César Oliveira e Rogério Melo, aonde fica explícito que o peão desejava levar logo a pinguancha para o ninho dele;
2- Baile de Cola Atada, de Pedro Ortaça, aonde o peão sente o calor da gruta da raparigaça;
3-Baile nas Cabritas, de Vaine Darde e Talo Pereira, defendida por Bagre Fagundes na XIX Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul, aonde, lá pela tantas, o chinaredo ergue os panos; 
4-Dentro do Bailãogravada pela Banda Tchê Barbaridade, onde o baile gaúcho seria o lugar para se maxixar; 
5-Minha Nega, do mesmo grupo, aonde a prenda rebola e o peão rebola também; ou, ainda,
6-Vício Campeiro, gravada pelo Grupo Galpão e outros, onde o peão é coroado o Rei do Meretrício.
Naturalmente que as práticas viciosas de alguns peões de fazenda de antigamente e algumas das indecências exploradas pela Tchê Music de hoje podem até ser consideradas como históricas ou nativistas, uma vez que são passagens vinculadas ao território do Estado, mas nunca serão partes integrantes da Tradição Gaúcha Brasileira (transmissão às novas gerações dos usos e costumes tradicionais de Povo Gaúcho do Rio Grande do Sul, feita de pai para filho, pelo tempo).
 E não será um ritmo bailável ou tradicional que fará com que as composições artísticas desse naipe venham a se transformar em Tradição Gaúcha do Rio Grande.
Dessa forma, não devem tais conteúdos musicais fazer parte do ambiente familiar dos CTGs e nem o Tradicionalismo pode abarcar danças praticadas, no passado, por percantas e peões em recintos de má fama, em xixos nada familiares e com práticas nada compatíveis com a seriedade e a dignidade da população gaúcha residente na campanha do Rio Grande do Sul.
Assim, executar músicas como Baile de Cola Atada, e outras do tipo, no interior de um CTG é uma enorme incoerência tradicionalista praticada por aqueles que têm o dever institucional de promover, no meio do nosso povo, uma retomada de consciência dos valores morais do gaúcho e evitar atitudes pessoais ou coletivas que deslustrem e venham em detrimento dos princípios da formação moral do gaúcho (itens III e XIV da Carta de Princípios do MTG).
Dessa forma, letras que falam de fivela lustrada, dança apertada, com poncho, esporas, chapéu na cabeça, em bailes de cola atada e outros ambientes não representativos dos bailes familiares de fazenda dos Gaúchos Campeiros Sul-brasileiros não devem ser executadas no Tradicionalismo Gaúcho organizado, pois práticas bagaceiras como essas não podem ser confundidas com a verdadeira Tradição da imensa maioria do Povo Gaúcho Campeiro do Estado do Rio Grande do Sul!
FONTE: BOMBACHA LARGA

NOTA DO EDITOR:

PEDIMOS A AJUDA DE QUEM QUEIRA NOS MANDAR OUTROS NOMES DE LETRAS E SEUS AUTORES COM ALGUMAS REFERÊNCIAS AO BAGACEIRISMO.

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