quarta-feira, 1 de março de 2017

O QUE É QUE A BAHIA TEM ?



Tenho obrigação, como técnica, como artista e como gente, de dar meu testemunho e opinar sobre por que é que a Bahia é tudo isso e muito mais.

As pessoas acham que o sol e o céu de lá tem mais azul e dourado do que aqui, que os artistas e as pessoas são mais alegres, que a música ajuda, a tradição, a religião, a história, pois a Bahia é abençoada por Deus. Claro que é, e que o Criador cada vez mais abençoe o Brasil com talentos baianos. Com certeza! Só que há um investimento e um direcionamento turístico e técnico de eventos e de valorização da música e artistas locais, com o cuidado de exportar estes valores. Lembram dos apartamentos do governo baiano no RJ trazendo e levando artistas para a capital nacional da cultura e da música, para serem nacionalmente conhecidos, apoiados por ACM , Daniela Mercury é um exemplo desta aposta nacional. Claro! E vão dizer: 'Mas a Bahia tem Baby do Brasil, Pepeu, Caetano, Gil e Gal além de Bethânia. Tem sim. Tem Ivete Sangalo e Margareth Menezes, claro que tem. Mas tem o investimento, a valorização e o incentivo para música, sem o que nada vinga. Tanto que nossos talentos aqui do Sul, tem de sair da terra pois temos pouco e cada vez menos incentivo, e não se acredita ainda em algo que a Bahia e RJ já descobriram há horas. As divisas que vem associadas aos eventos, à valorização da música e dos talentos da cultura, folclore e arte locais. E aqui um parêntese. Por que será que já temos 3 kids classificados no The Voice Kids, Por que os CTG’s, e aí eu ‘bato cabeça para o Movimento Tradicionalista Gaúcho’ que eu tantas vezes critiquei como machista e sei lá o que mais, trabalham a  cultura, a música e o canto desde cedo nas suas diversas atividades. Praticamente todos os valores que estão explodindo no TV Kids tem a ver com Enart e CTGs. Então, está provada a tese que me fez escrever hoje: Incentivo dá retorno sim! Voltando a Salvador, fiz um projeto com eles em 98, pelo SICOMRS, o ‘RS Música na Bahia’. Viajei para lá com Pimentel, meu mestre e companheiro, e propusemos o intercâmbio com a Bahiatursa, que tinha o gaúcho Zart no comando, para levar daqui 10 artistas e mais uma produtora para ‘intercambiar’ cultura na festa Nacional da Música daquele ano, em Salvador. Eles aprovaram na hora! O governo de lá deu estadia e alimentação e deslocamentos e apoio em tudo, durante mais de 15 dias. O governo daqui, graças à força do Gilmar Eitelvein, na época coordenador de música da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre deu as passagens de ida e volta dos artistas. Levamos, além de Airton Pimentel e eu, Gilberto Monteiro, Jorge Guedes, Cláudio Levitan, Galileu Arruda e Antônio Villeroy, além da produtora Ana Lombardi. Experiência incrível e lições de: amor, cuidado com visitantes, apoio e cultura em todos os contatos. Tínhamos atividades todos os dias e os produtores nos disputavam para nos levar para todos os eventos e lugares de cultura, com apoio total do governo do estado da Bahia e de Salvador e da já citada e amada Bahiatursa. Outra coisa que corrobora o que eu estou afirmando, Cheguei no hotel 4 estrelas, com piscina, destinado aos gaúchos no projeto (Gilberto Monteiro ‘assaltava’ o restaurante de madrugada para comer o delicioso cuscuz de tapioca com coco (manjar dos deuses) e o pessoal assimilava e ria) . Pois cheguei em Salvador, com os artistas e tive um quarto destinado para mim e, ao literalmente me jogar na deliciosa cama grande do hotel, exausta, depois de acomodar todos os outros. Liguei a rádio Cultura de Salvador, que era a rádio FM do hotel, e o que estava tocando? O quê mesmo? Banda ‘Barato pra Cachorro’, de Porto Alegre, cantando Noel Rosa. Comecei a chorar ao ouvir a voz da saudosa e grande cantora Adriana Marques e a banda, cantando em pleno Salvador. Então, a Bahia dá certo porque investe e respira cultura e música local e valoriza talentos brasileiros também, tive a certeza. Embora o vanerão, ritmo gaúcho, nunca tenha estado tão em alta, em toda nossa história, vide Teló, as moças do sertanejo, Mendonças e Maiaras e todas as duplas, que hoje faturam em cima do ritmo, qual é a força e incentivo que o governo imprime para isso fazer a gente ser o que é geograficamente mas não é culturalmente, o ‘coração cultural do Brasil e do Mercosul e um dos mercados mais fortes de música do Brasil (o 4º, pois antes vem Rio, SP e Minas),  Pouco ou nada fazem; Ou melhor, fazem sim. Fazem 'gol contra', promovendo a extinção da Secretaria Estadual da Cultura e trabalham para extinguir a TVE, FM Cultura, Fundação Zoobotânica, CORAG, CIENTEC e outros organismos importantíssimos. O Nordestino, o baiano, com pouco ou nada fazem todo esse mercado se movimentar e ser autossuficiente com sua cultura musical e turística, exportando isso para o mundo, inteligentemente. E nós, com tudo que temos, embora estejamos na moda, com nosso ritmo vanerão, nacionalmente estourado, estamos ‘dormindo’ literalmente, pois a música gaúcha, como produto, nunca esteve tão em baixa. Jogo um ‘banho de cheiro’ baiano para nos tirar da letargia e acordar, neste carnaval, enquanto é tempo, pois nada é por acaso. Tem muito investimento, dedicação, planejamento e trabalho técnico direcionado para acontecer. Esta é a lição que a Bahia nos passou e passa todos os dias. (Izabel L'Aryan)

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